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Piratas do Caribe 4: Navegando em Águas Misteriosas.

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Posted 03/11/2015 by in 2011

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Nota:
 
 
 
 
 

2/ 5

Ano:
 
Diretor:
 
Título Original: Pirates of the Caribeen 4: On Stranger Tides.
 
Roteiro: Tedd Elliot e Terry Rossio.
 
Compositor: Hans Zimmer.
 
Duração: 136 minutos.
 
Resumo:

Piratas do Caribe 4: Navegando em Águas Misteriosas tinha o objetivo de retornar às raízes e proporcionar uma aventura simples e divertida. O problema é que exageraram na simplicidade. Se tivessem adicionado elementos na trama e os explorado, além de desenvolver melhor o vilão, aí sim o filme estaria à altura de seus antecessores.

by Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo
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Os filmes anteriores da franquia Piratas do Caribe sempre foram obras que transbordavam criatividade e bom humor e que não tinham medo de beirar o absurdo e o sobrenatural em alguns momentos. Não chegavam nem perto de serem perfeitos; pelo contrário, eram falhos em muitos aspectos – o segundo foi bem cansativo e o terceiro pretensioso demais – no entanto, todos eles cumpriram de forma admirável seu objetivo: o de entreter de forma satisfatória os espectadores. A continuidade da franquia, portanto, sempre foi aposta certa – uma vez que a bilheteria de cada título é assombrosamente alta –, o que infelizmente também torna provável sua condenação ao mesmo marasmo que atinge tantas outras na indústria do cinema.

Da trilogia inicial, o filme principal para apontar os erros cometidos em Navegando em Águas Misteriosas é sem dúvidas o terceiro. No Fim do Mundo foi criticado por muitas pessoas por causa da desnecessária e exagerada complexidade em seu roteiro: havia demasiados personagens, quatrocentas reviravoltas por minuto e tantas traições consecutivas que era praticamente impossível acompanhar em alguns momentos. Era literalmente uma confusão generalizada. Porém, uma divertida confusão generalizada. Negligenciando isso, a dupla de roteiristas, Terry Rossio e Ted Elliott, parece ter levado essas reclamações muito a sério, pois esse quarto exemplar da franquia é exatamente o oposto do anterior.

A trama é básica ao extremo em nenhum momento evolui muito: Jack Sparrow, a bordo do navio do pirata Barba Negra, parte em uma corrida até a Fonte da Juventude, competindo contra o capitão Barbossa e uma frota espanhola aleatória. Durante a jornada, eles encontram sereias com tendências vampirescas e vários zumbis consideravelmente inúteis, que compõem juntos todos os elementos do filme. Até a quantidade de personagens é bem menor que a dos anteriores – muitos foram cortados: das antigas, só sobraram Barbossa, Sparrow, Sr. Gibbs e o macaco – e as intenções deles são devidamente claras e objetivas desde o início. O enredo é um “feijão com arroz” pouco temperado, não guardando muitas surpresas nem reviravoltas, se diferenciando, assim, completamente dos anteriores.

Rossio e Elliot se limitam tanto que, quando não conseguem manter a aventura linear ao extremo, eles fazem os personagens oferecer discursos expositivos numa tentativa ridícula de explicar a situação ao espectador, chegando ao cúmulo de personagens se referirem a eles mesmos na terceira pessoa, provavelmente para facilitar ainda mais o entendimento, ou até a explicar a situação em voz alta com absolutamente mais ninguém por perto.

Até o vilão, Barba Negra, sofreu com essa freada imaginativa, sendo completamente clichê e oferecendo pouquíssimos relâmpagos de excentricidade – seu hábito de engarrafar barcos reais se destaca. O vilão empalidece principalmente em comparação ao anterior, Davy Jones, e nem mesmo o competente Ian Mcshane consegue salvá-lo do tédio. Quando, logo no início, ele afirma precisar matar alguém ocasionalmente para fazer os outros se lembrarem de sua fama e identidade, todos no cinema já haviam se esquecido há muito tempo.

E por causa da óbvia saída do casal principal, Will Turner e Elizabeth Swan (Orlando Bloom e Keira Knightley), os roteiristas sentiram-se na necessidade de incluir outro: um padre, cuja importância é somente participar desse lado romântico, com uma sereia, cuja “história de amor” com o reverendo se tornou o ponto mais inverossímil e irritante da trama.

Já o sempre divertido capitão Jack Sparrow, a razão de ser dos filmes, infinitamente mais ninja que o habitual – a cena da escalada no coqueiro está competindo lado a lado com o casal já mencionado no quesito ridículo –, agora se torna indiscutivelmente o protagonista da série e, apesar do personagem funcionar melhor como coadjuvante – seus trejeitos e piadas começam a ficar repetitivos depois de certo ponto – ele é um dos motivos para que o filme prenda a atenção do espectador por suas duas horas e vinte minutos de duração.  O segundo motivo é Barbossa, agora a serviço do rei, reforçando ser um personagem tão fascinante e divertido quanto Sparrow, e aqui até mesmo mais imprevisível.

O último fator é a trilha sonora, composta mais uma vez por Hans Zimmer, que é praticamente o único responsável pela manutenção do clima sombrio e de mistério, já que a fotografia é gritantemente exagerada nesse ponto, deixando tudo acinzentado e coberto por névoa – desse modo incomodando e não imergindo o espectador. Já o novo diretor Rob Marshall, responsável pelos musicais Nine e Chicago, demonstra não saber muito bem como dirigir um filme de ação, falhando em conferir um ritmo decente ao longa, deixando-o mais cansativo que os demais e tornando as cenas de combate, que ainda são prejudicadas por cortes muito rápidos, bem mais longas do que deveriam. Pelo menos ele não sofre da Síndrome de Parkinson comum a vários outros diretores e não fica tremendo a câmera como um lunático.

Piratas do Caribe 4: Navegando em Águas Misteriosas tinha o objetivo de retornar às raízes e proporcionar uma aventura simples e divertida. O problema é que exageraram na simplicidade. Se tivessem adicionado elementos na trama e os explorado, além de desenvolver melhor o vilão, aí sim o filme estaria à altura de seus antecessores. Do jeito que ele é, no entanto, gera preocupação sobre a qualidade dos futuros. Como diziam os grandes sábios, nossos avós, nada precisa ser 8 ou 80; do jeito que os dois primeiros (e talvez o terceiro) Piratas do Caribe eram, já estava muito bom. Só resta torcer para que eles tenham compreendido isso.

por Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo.

Publicado originalmente em 21 de Setembro de 2013.


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Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo


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