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Pokémon Sun & Moon.

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Posted 03/21/2017 by in 3DS

Rating

Nota:
 
 
 
 
 

3/ 5

Plataforma:
 
Desenvolvedor: Game Freak.
 
Duração Média: 35 horas.
 
Diretor: Shigeru Ohmori.
 
Compositor: Minako Adachi, Go Ichinose, Hideaki Kuroda, Hitomi Sato, Junichi Masuda, Tomoaki Oga.
 
Roteirista: Kenji Matsushima, Masafumi Nukita, Suguru Nakatsui, Toshinobu Matsumiya.
 
Resumo:

Ironicamente, o que salva os dois títulos são justamente as fundações sólidas da franquia que eles tanto se empenham em renovar.

by Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo
Full Article

Constituindo a sétima geração dos jogos principais da franquia Pokémon, Sun e Moon são títulos que almejam renovar a estrutura da série, embora raramente introduzam uma melhora significativa. Trazendo uma história sem graça que interrompe constantemente a ação e adições inúteis à jogabilidade, os dois jogos acabam não causando o impacto pretendido.

A história de Sun e Moon transcorre nas ilhas tropicais da região de Alola e o protagonista – funcionando como avatar do jogador – precisa superar os testes dos inúmeros capitães do lugar – chamados de Kahunas – para conseguir o título de campeão. Todavia, ele logo se depara com uma garota em fuga, Lilie, que pretende salvar um misterioso pokémon.

A trama de Sun e Moon, seguindo o padrão da série, não é a das mais complexas. Em nenhum momento ela subverte os elementos do universo como a de Black e White, ou tenta construir personagens minimamente complexos. Pelo contrário, ela apresenta vilões unidimensionais capazes de diálogos como “The only thing I need from you is your power!”.

Em si, isso não seria um problema sério, mas a Game Freak insiste em pausar o fluxo do jogo constantemente para mostrar seus personagens interagindo. Quase sempre que o jogador chega a seu destino marcado no mapa há uma cena de corte, mostrando Lilie refletindo sobre as intenções daqueles que perseguem seu pokémon ou sobre a natureza do mesmo. De vez em quando um Kahuna explica, em detalhes, as características de seu teste ou simplesmente se apresenta para o jogador com várias linhas de diálogo banais. Ou é o mentor e guia do protagonista, o professor Kukui, que surge para apontar o caminho ou explicar algo que o jogador poderia ter deduzido sozinho. A trama de Sun e Moon é problemática não por ser simples, mas por ser simples e, ainda assim, ter muito espaço dentro do jogo.

Lilie, por exemplo, apesar de ter inúmeras linhas de diálogo permanece uma personagem plana até o fim: ela uma garota gentil, adversa a batalhas e que se preocupa com todos. Da mesma forma com que ela age no início, ela age no final, sendo gentil, adversa a batalhas e preocupada com todos. Embora o jogador entenda a personagem rapidamente, os títulos continuam tentando desenvolve-la por várias cenas de corte. Todavia, em vez de explorarem outras facetas da garota, os roteiristas só mostram várias cenas de ela sendo gentil, adversa a batalhas e preocupando-se com todos.

Quanto às mudanças realizadas na estrutura geral da franquia, os Kahunas servem como ótimos representantes. Afinal, pela primeira vez a narrativa não é montada com base na conquista de insígnias de ginásios. Se antes o protagonista viajava de cidade em cidade capturando pokémons, entrava no ginásio local, resolvia seus pequenos enigmas e derrotava o líder do lugar em uma batalha, agora ele viaja pelas ilhas para superar testes que variam de natureza: em um momento é necessário observar danças de pokémons e apontar para as diferenças entre elas, em outro, catar os ingredientes para um lanche dentro de uma floresta. No fim, porém, sempre há uma batalha contra o Kahuna, da mesma forma que ocorria com os líderes de ginásio. O que muda, portanto, é a saída dos puzzles presentes nos ginásios e a necessidade do local em si, visto que os testes em Sun e Moon podem ocorrer em qualquer lugar, como florestas ou montanhas.

Se os Kahunas proporcionam variedade ao jogo, eles não trazem profundidade. Os ginásios podiam apresentar uma gradação na complexidade dos enigmas – sempre tematizados de acordo com o tipo de Pokémon usado pelo líder –, mas os testes dos Kahunas não aumentam de dificuldade, apenas mudam de tipo. Enquanto o teste da dança diverte por não se levar a sério, por exemplo, o que envolve catar ingredientes é tedioso por não apresenta nenhum elemento novo ou desafio mínimo. O jogador só caminha pela floresta e cata ingredientes. Dessa, servindo como alteração na estrutura, a inclusão dos Kahunas não é melhor ou pior que os ginásios anteriores, só resulta em um problema diferente.

No mesmo sentido, a inclusão de um novo estilo de golpe chamado “Z-Move” não acrescenta tanto ao jogo, chegando, na verdade, a irritar após um tempo. Esse golpe é ativado ao equipar um item especial no Pokémon, que ganha acesso a uma versão mais forte de um de seus ataques. O problema dos Z-Moves reside na duração da animação resultante: não ocorre apenas a animação do golpe – que já é longa –, mas antes dela tem a animação de seu personagem dançando, do pokémon ganhando energia e do nome do golpe aparecendo. Todo o processo, no caso do Z-Move Catrastopika do Pikachu, dura aproximadamente 30 segundos. Cada vez que ele for utilizado. E, como ele é o golpe mais forte, trata-se de um evento frequente. Pior ainda é atestar que desligar as animações de batalhas não resolve a situação, porque, sabe-se lá por qual motivo, as cenas da dança e do Pokémon ganhando poder continuam aparecendo.

Outra novidade problemática de Sun e Moon é a possibilidade de pokémons selvagens chamarem outros para batalha no final de seu turno. Inicialmente, tal adição aumenta a dificuldade das lutas, visto que um único pokémon do jogador precisa enfrentar dois ao mesmo tempo. No entanto, ela rapidamente começa a irritar por três motivos: o primeiro resulta do fato de os pokémons poderem chamar outros mais de cinco vezes seguidas, deixando o jogador preso em uma batalha interminável com zubats. Em segundo lugar, o jogo não permite que pokebolas sejam tacadas quando há mais de um pokémon oponente no campo. Ou seja, se a captura falhar de primeira e o pokémon chamar sua família inteira para ajudar, um de cada vez, o jogador tem que esperar horrores até ter outra chance de capturar a criatura. Em terceiro, a Game Freak achou uma boa ideia tornar alguns pokémons exclusivos de suporte, ou seja, só aparecendo quando chamados por outros. Além de ser o caso de colocar um evento aleatório (ser o pokémon chamado) em cima de outro evento aleatório (se algum for chamado), o sistema fica fora de controle quando somado com mais eventos aleatórios: o dragão Goomy, por exemplo, só aparece em uma área específica, quando chamado por outro pokémon e se estiver chovendo naturalmente.  

Pokémon Sun e Moon também não consertam a inteligência artificial dos jogos anteriores da série, contendo momentos em os personagens no jogo agem de forma incompreensível. Uma coisa é o adversário não utilizar os melhores movimentos para derrotar o jogador, outra bem diferente é ele escolher golpes aleatoriamente, vindo a usar alguns que prejudicam ele próprio. Em uma batalha contra um dos últimos chefes, por exemplo, um pokémon adversário usou o golpe Pain Split (que soma a barra de vida dos pokémons em campo e divide igualmente entre eles) três vezes em sequência, sendo que nas duas primeiras ele tinha mais vida que seu oponente.

Além disso, para deixar a franquia ainda mais acessível, agora é informado na tela de baixo do 3DS qual a vantagem e desvantagem de cada golpe sobre o oponente (se ele é pouco efetivo ou super-efetivo, por exemplo). Se, por um lado, isso auxilia aqueles novos na franquia, por outro, remove qualquer necessidade de gravar as dinâmicas entre os mais variados tipos de pokémon – o que constituía boa parte do desafio.

Sun e Moon sequer se beneficiam de um fator novidade muito grande, visto que, pelo menos inicialmente, trazem muitos pokémons da primeira geração. Para os fãs de longa data da franquia, entrar em uma caverna e só encontrar geodudes e zubats pode causar frustração, mesmo que os geodudes agora também sejam elétricos.

A única novidade que traz somente efeitos positivos é a remoção completa dos chamados HMs. Antigamente, esses golpes eram necessários para abrir caminho pelo cenário, mas como não eram substituíveis como todos os outros, limitavam a lista de golpes dos pokémons do time principal do jogador – ou o tamanho do próprio time, visto que alguns tinham o costume de reservar um espaço para um pokémon só de HMs. Agora, isso não é mais necessário, uma vez que o jogador pode invocar momentaneamente um pokémon especial usando um relógio para executar esses golpes pelo cenário: um Lapras usa Surf para navegar os mares, enquanto um Machamp usa Strength para empurrar blocos que barram o caminho. Assim, a ideia de pautar a acessibilidade a determinadas áreas por golpes de pokémons continua intacta, mas sem prejudicar os próprios.

Pokémon Sun e Moon tentam renovar algumas convenções da franquia, mas não são bem-sucedidos na empreitada: enquanto o foco adicional na história não é acompanhado por um acréscimo de complexidade da mesma, boa parte das mudanças feitas na jogabilidade contém sua própria parcela de problemas. Ironicamente, o que salva os dois títulos são justamente as fundações sólidas da franquia que eles tanto se empenham em renovar.

por Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo.

21 de março de 2017.

Compre o jogo:

. Submarino.

Trailer:


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Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo


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