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Professor Layton and The Miracle Mask

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Posted 06/04/2015 by in 3DS

Rating

Nota:
 
 
 
 
 

5/ 5

Plataforma:
 
Título: Professor Layton and The Miracle Mask.
 
Publicador: Nintendo.
 
Desenvolvedor: Level-5
 
Duração Média: 40 horas.
 
Lançamento: 28/10/2012.
 
Resumo:

Professor Layton and The Miracle Mask é um jogo que jamais almeja inovar sua franquia, mas apenas elevar sua qualidade, uma decisão que se prova consideravelmente acertada. E um verdadeiro cavalheiro sabe perceber quando certos elementos não precisam ser modificados.

by Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo
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Algumas franquias de jogos precisam apresentar alguma novidade substancial a cada título lançado para se manter relevantes no mercado enquanto outras apenas necessitam aperfeiçoar suas características e corrigir algumas falhas para continuar eficientes. Os fatores que definem em qual grupo um jogo faz parte costumam ser a execução inicial de sua proposta e a complexidade de sua mecânica principal. Qualquer jogo da franquia Professor Layton é certamente um membro do segundo grupo, uma vez que sua jogabilidade é centrada na resolução de dezenas de puzzles – e um enigma nunca é igual ao outro.

Em The Miracle Mask, Professor Layton é chamado por uma antiga amiga à cidade de Monte D’Or, que está sendo aterrorizada por um misterioso sujeito que se autodenomina “O Cavalheiro Mascarado” (The Masked Gentleman). Chegando à cidade no meio das festividades do carnaval, Layton consegue observar uma aparição do Cavalheiro quando este transforma uma parte dos integrantes de um bloco em estátuas de pedra. A investigação então começa.

As histórias dos jogos protagonizados por Layton sempre tiveram a preocupação de possuírem “coração”: no fundo das cidades fantasmas e subterrâneas há personagens tocantes com histórias trágicas que encantam ao representarem os problemas decorrentes do amor – seja paterno, platônico ou perdido. O tema de The Miracle Mask não foge dessa diretriz ao decidir focar-se na amizade, discutindo o valor de uma e os erros que as pessoas insistem em cometer para perdê-la.

O desenvolvimento acontece por intermédio da exposição do passado de Layton e da razão de ele ter se tornado um arqueólogo. É, portanto, uma trama tão pessoal quanto à do excelente The Unwound Future, com todos os benefícios que isso consequentemente traz: Professor Layton é um personagem muito mais fascinante que seus companheiros e que as pessoas que encontra, graças ao seu alto nível de introspecção, reforçado brutalmente pelas tonalidades principais de sua roupa – marrom cobrindo o laranja –, o que sugere um passado misterioso, aumentando ainda mais o interesse do jogador por sua história.

A narrativa é bem simples e episódica, marcada pelas aparições do Cavalheiro Mascarado e seus Milagres Negros. A cada “milagre” em que pessoas são transformadas em pedra ou flutuam e desaparecem no céu, o professor visita velhos amigos com o intuito de desvendar os planos do vilão, entender como tais eventos de fato ocorreram e compreender o ódio que o mesmo nutre pela cidade.

A história, bem desenvolvida, acerta em ser menos absurda que o usual; dessa vez nada de dinossauros enfrentando robôs gigantes no clímax. Pelo contrário, ela prefere apostar em explorar sutilmente as várias facetas de seus personagens, garantindo que a pouquíssima surpresa resultante de suas reviravoltas não a afete negativamente. Também vale notar a exposição de uma trama que conecta todos os títulos dessa nova trilogia – que se iniciou com The Last Specter – por intermédio do vilão Descole e sua incansável busca pelas ruínas da civilização perdida de Azran: ela é responsável por proporcionar a importante sensação de conspiração da aventura.

Mantendo-se fiel à tradição da franquia, The Miracle Mask também expande os seus temas principais por intermédio dos extravagantes habitantes de Monte D’Or e seus dilemas. A natureza do espetáculo proporcionado pelo Cavalheiro Mascarado é representada pelos artistas do circo – e o fato de o aspirante a palhaço, Stumble, continuamente se enrolar em balões serve como uma sutil metáfora da trajetória do vilão – enquanto temas mais genéricos como a ganância e o descuido para com um ente querido são elaborados por personagens específicos – como o gordo magnata Sterling, cuja sede por dinheiro o cega com relação às intenções de sua mulher, e a relapsa mãe Tanya que sempre perde sua filha ao observar as paisagens da cidade.

Quanto aos puzzles, eles continuam consistentes e desafiadores. A sua diversidade continua abundante, existindo os puramente lógicos (Considerando que os números 1130, 1231, 0131, 0228 seguem um padrão, qual seria o número seguinte?), os que contam historinhas (Havia uma roda gigante com uma placa com a letra S no centro. No meio de cada cabine também havia uma placa com uma letra. Existiam as cabines com as letras J, M, T, N, P, M, V e U e uma cabine que perdeu sua placa. Qual letra estaria nela?), os que envolvem a movimentação de blocos em um espaço limitado e aqueles que acreditam inocentemente que o jogador é capaz de imaginar figuras geométricas tridimensionais, cortá-las e formar outras figuras com as partes resultantes, entre muitos outros enigmas. A dificuldade medida pela quantidade de “Picaretas” oferecidas – a moeda corrente utilizada para liberar os extras – também varia consideravelmente, indo de 25 picaretas, como o enigma da roda gigante, a 90.

Professor Layton and The Miracle Mask é o quinto título da franquia e muda muito pouco a estrutura básica da série: o jogador estará explorando o cenário para encontrar puzzles ou para dar continuidade a narrativa. As novidades que ele introduz – além de enigmas inéditos e uma história nova – têm o único propósito de acrescentar um pouco mais de ação à aventura.

As adições são uma corrida de cavalos e uma breve sessão de exploração de cavernas no estilo The Legend of Zelda. É certo que ambas as atividades teriam se beneficiado do uso do Circle Pad – usar a caneta Stylus para movimentar o cavalo é tudo menos intuitivo – e que não são nem de perto complexas ou originais – todo mundo que jogou qualquer Zelda já empurrou para cima de dispositivos pedras suficientes por uma vida inteira – no entanto, elas são breves, inofensivas e garantem apenas um pouco de diversidade, não dispersando o foco dos enigmas e da história. Mais notável é a modificação da jogabilidade no tocante à exploração: antigamente o jogador usava a caneta Stylus para caminhar pelo cenário através da tela sensível ao toque e precisava tocar em tudo no cenário para encontrar os enigmas e segredos que ele guardava. Agora, a caneta é utilizada para movimentar uma lupa que brilha somente em pontos de interesse, facilitando a vida do jogador e adicionando fluidez à jogabilidade.

The Miracle Mask também faz jus à reputação da franquia no que concerne sua apresentação. Os gráficos são esteticamente extraordinários: a cidade de Monte D’Or é ricamente desenhada no fundo – o forte efeito 3D conferindo ainda mais vida a ela – e os modelos dos personagens, agora tridimensionais, conseguem manter o charme proporcionado pela excentricidade de seus designs. A trilha sonora, por sua vez, é absolutamente fabulosa, utilizando-se dos mais variados instrumentos – do violino ao trompete – para transmitir a atmosfera melancólica de uma cidade contraditória, ao mesmo tempo glamourosa e construída sobre as ruínas de amizades destruídas.

Oferecendo mais de quatrocentos enigmas, além dos usuais desafios extras da “maleta” do Professor, The Miracle Mask apresenta uma quantidade respeitável de conteúdo, além de qualidade técnica de altíssimo nível e uma trágica e tocante história de perda e reconciliação. Professor Layton and The Miracle Mask é um jogo que jamais almeja inovar sua franquia, mas apenas elevar sua qualidade, uma decisão que se prova consideravelmente acertada. E um verdadeiro cavalheiro sabe perceber quando certos elementos não precisam ser modificados.

por Rodrigo Lopes C. O de Azevedo.

04 de Junho de 2015


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Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo


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