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The Night of the Rabbit.

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Posted 07/20/2016 by in PC

Rating

Nota:
 
 
 
 
 

3/ 5

Plataforma:
 
Título: The Night of the Rabbit.
 
Publicador: Daedalic Entertainment.
 
Desenvolvedor: Daedalic Entertainment.
 
Duração Média: 15 horas.
 
Lançamento: 28/05/2013.
 
Diretor: Matt Kempke.
 
Compositor: Tilo Alpermann.
 
Roteirista: Matt Kempke, Sebastian Kempke.
 
Resumo:

The Night of the Rabbit traz uma história de forte apelo infantojuvenil e energia contagiante. Seu único problema, porém, é grave: os enigmas que propõe ao jogador nem sempre soam justos, exigindo ideias absurdas e mirabolantes, sem dar qualquer indicação a ele.

by Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo
Full Article

The Night of the Rabbit segue a fórmula clássica do gênero “point-and-click adventure”: o foco da experiência é a imersão, construída pela atmosfera do jogo e pelo desenvolvimento da história, enquanto a ação ocorre a partir da solução de enigmas. Em The Night of the Rabbit, a Daedelic Entertainment tenta contar uma história com apelo infantojuvenil – há animais falantes e mágicos malvados –, sendo bem sucedida quanto ao tom otimista que confere a ela: representado pelo protagonista, esse otimismo é o principal responsável por injetar energia na história.

Jeremiah Hazelnut é um garoto que vive longe de seus colegas, isolado com sua mãe na borda de uma floresta. Faltam dois dias para suas férias de verão terminarem e sua missão é coletar amoras para uma torta que deverá ficar pronta para o jantar. Contudo, quando ele volta da floresta carregando uma cesta entupida delas, Jerry percebe que acabou de receber uma carta voadora mágica: ela descreve uma receita mágica que invocará um baú mágico contendo um coelho igualmente mágico. Sorte a de Jerry, que sempre sonhou em se tornar o maior mágico de todos os tempos. O garoto, portanto, não hesita por um segundo e realiza os preparativos que invocarão o estranho animal. O coelho, chamado Marquis de Hoto, revela que é um Treewalker, um ser místico capaz de caminhar entre as fendas que separam os vários universos, e convida Jerry a embarcar em uma aventura: ele deverá viajar até outro mundo para ser treinado pelo coelho a se tornar um Treewalker. E terá que voltar para o jantar.

A história de The Night of the Rabbit tem, em seu início, um ar leve e brincalhão. O tutorial representa bem esse aspecto. Nele, o jogador é ensinado os comandos do jogo, enquanto Jerry ouve um programa novo de rádio. “Imagine um pequeno X flutuando no céu, você pode clicar nele a qualquer momento para sair do jogo!”, o locutor instrui. “Nossa, quando ele diz dessa forma eu praticamente consigo enxergar o X voando logo na minha frente!”, o garoto exclama. O tutorial dura um pouco mais do que deveria, mas é eficiente tanto em explicar os controles como em estabelecer o tom do enredo.

O próprio Jerry é o melhor representante desse aspecto da história. O garoto apresenta uma personalidade aventureira contagiante. Ele está sempre disposto a ajudar as pessoas que encontra, independentemente da natureza de seus problemas, e a encarar cada situação trivial com um ar diferenciado que se adequa perfeitamente à mensagem dada pelo curioso locutor de rádio: “Lembrem-se: não há problemas, somente desafios!”. Sua imaginação é condizente com sua idade – quando nota pegadas indo até a janela de sua casa, ele pondera se não foram deixadas por um mamífero há muito extinto – o gremlinwolf – e seu gosto por aventura é exemplificado pelo brilhante momento em que Marquis de Hoto avisa que ele terá que se virar sozinho por um tempo na cidade que estavam visitando, totalmente habitada por animais, e Jerry somente sorri. Sorriso que é apenas repetido quando uma jovem rata cozinheira o chama de “meu pãozinho de canela”.

Os habitantes de Mousewood, fiéis aos moldes do gênero, são todos excêntricos. O jogador encontrará um sapo carteiro que ama música, uma rata cozinheira que faz biscoitos explosivos e anões reclusos que estão, quase sempre, consideravelmente gripados. Os diálogos são bem humorados, trabalhando as piadas em cima do contraste entre o mundo de Jerry e Mousewood: “Ratos de laboratório? É assim que se chamam os cientistas no lugar de onde você vem?”, um dos roedores chega a questionar o protagonista em certo momento.

The Night of the Rabbit, porém, adquire gradativamente um tom mais sério, graças ao passado trágico de Marquis de Hoto, e encontra espaço para reflexões sobre as consequências de uma aventura e sobre as cicatrizes resultantes da mesma. No entanto, os desenvolvedores acertam ao impedir que o humor desapareça por completo durante os momentos mais intensos – se eles fossem pesados demais destoariam por completo do restante da aventura – e até mesmo os vilões – um grupo de lagartos que tentam esconder, futilmente, suas identidades por de baixo de máscaras e roupões – geram risadas no jogador, uma vez que seus diálogos apocalípticos (“Nós chegamos. Nós seremos a solução”) inutilizam qualquer tentativa da parte deles de não parecer suspeitos.

No constante a jogabilidade, The Night of the Rabbit configura-se um clássico point-and-click adventure em que o jogador locomove o protagonista clicando para onde ele deve andar e encontra objetos importantes para resolver enigmas com a mesma ação. “Faça tudo com um clique!”, o locutor explica muito bem no tutorial.

Para facilitar a vida do jogador, os desenvolvedores introduzem uma mecânica simples: apertar um botão específico ativa uma moeda mágica de Jerry que ilumina e destaca todos os objetos interativos na tela. Essa mecânica previne que o jogador fique clicando desvairadamente pelo cenário em busca de algum utensílio especial, limitando-o a algumas poucas escolhas e, desse modo, poupando seu tempo.

Os enigmas, por outro lado, constituem o ponto fraco do jogo. Uma boa parte trabalha com o raciocínio e a imaginação do jogador, mas a outra requer muitíssimo somente do aspecto criativo, exigindo que o jogador surja com soluções mirabolantes demais para os problemas suscitados. Soluções estas que, por fazerem pouco sentido, provavelmente serão alcançadas apenas na base de um árduo processo de tentativa e erro, como comprova a complexa teia de ações necessárias para abrir o portal para uma área congelada.

Não somente isso, como a progressão da dificuldade não é bem construída: um dos enigmas mais complicados e trabalhosos do jogo está presente no início da aventura, quando Jerry precisa seguir as instruções vagas da carta mágica para invocar Marquis de Hoto. Tal dificuldade é ainda intensificada pela arbitrária ordem com que algumas ações devem ser realizadas. No enigma da carta, por exemplo, só é permitido colocar uma determinada pedra no lugar correto após as instruções anteriores terem sido seguidas a risca. Se o jogador resolver o enigma da pedra primeiro, sua solução não é aceita. Desavisado, então, ele pode simplesmente achar que sua resposta estava errada e nunca mais tentá-la novamente.

O estilo de arte escolhido pela equipe da Daedelic Entertainment, por sua vez, composto por pinturas simples repletas de cores vivas, emula o presente em livros infantis, casando perfeitamente com a história apresentada. Já a trilha sonora é igualmente eficiente, por permanecer em segundo plano: dessa forma ela jamais força uma atmosfera específica nos ambientes, somente complementando-a.

The Night of the Rabbit traz uma história de forte apelo infantojuvenil e energia contagiante. Seu único problema, porém, é grave: os enigmas que propõe ao jogador nem sempre soam justos, exigindo ideias absurdas e mirabolantes, sem dar qualquer indicação a ele. Desse modo, eles contrariam uma das frases mais repetidas durante a aventura: “Qualquer coisa é possível durante um dia de férias de verão!”. Afinal, resolver alguns sem ajuda, definitivamente não é.

por Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo.

20 de julho de 2016.

Trailer:


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Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo


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