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Mistborn: O Herói das Eras.

5
Posted 01/01/2018 by in Fantasia

Rating

Nota:
 
 
 
 
 

2/ 5

Sumário

Genero:
 
Autor:
 
Editora:
 
Idioma Original:
 
Título Original: Mistborn - The Hero of Ages
 
Tradução: Petê Rissatti
 
Edição: 2016
 
Páginas: 688 p.
 
Capa: Marc Simonetti
 
Resumo:

O Herói das Eras funciona como um amálgama de toda a sua trilogia: até propõe algumas discussões relevantes e apresenta alguns poucos personagens interessantes, mas também traz uma narrativa profundamente contraditória, repetitiva e enfadonha, repleta de figuras unidimensionais e mal desenvolvidas.

by Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo
Full Article

A crítica a seguir contém spoilers de toda a trilogia.

Escrito por Brandon Sanderson, O Herói das Eras marca a conclusão da trilogia de fantasia iniciada por O Império Final com uma narrativa que repete os mesmos erros e acertos dos volumes anteriores. Trata-se de um romance irregular tanto no desenvolvimento de seus personagens, quanto na construção de reviravoltas, mostrando-se consistente apenas em sua capacidade de se contradizer tematicamente o tempo inteiro.

A história começa alguns anos após os eventos de O Poço da Ascenção, com a divindade que Vin libertou, chamada Ruína, solta pelo mundo e – como seu nome sugere – querendo causar somente destruição. O plano da garota e de seu marido, o agora imperador Elend, é buscar a localização de depósitos de suprimentos escondidos pelo Senhor Soberano ao redor do mundo e descobrir se o antigo vilão tinha alguma informação sobre como derrotar Ruína. Enquanto eles fazem os preparativos para tomar a cidade de Fadrex, que está sendo defendida por um obrigador, e ganhar acesso ao último depósito, Fantasma, Sazed e Brisa têm o objetivo de impedir uma rebelião popular na cidade de Urteau. Já o kandra TenSoon tenta convencer seu povo de que o fim se aproxima, embora esteja sendo acusado de traição.

A trama envolvendo Fadrex contém a melhor adição de O Herói das Eras: o obrigador Yomen. Longe de ser um vilão unidimensional, como os apresentados nos dois primeiros volumes, Yomen revela-se fascinante por conseguir a proeza de conciliar um modo de pensar ponderado com uma religiosidade fundamentalista: enquanto sua fé no Senhor Soberano forma a base inexorável de seu governo, que segue à risca os preceitos do antigo vilão, sem aberturas ou concessões, Yomen continua sendo capaz de dialogar – quando isso não ataca diretamente sua religião – e respeitar o ponto de vista de seus adversários. Como Sazed, ele é um homem estudioso e racional, que enxerga em sua fé uma lógica prática contundente: ele sabe que as leis que defende preveem injustiças sociais, mas as considera necessárias para manter uma estabilidade política que entregue segurança à população. Em outras palavras, Yomen acredita que oprimir é necessário para proteger. Inteligente e capaz de manipular seus oponentes sem dificuldades, o personagem certamente se configura o mais complexo do livro. Seu arco narrativo conclui com um dilema, quando dois elementos entram em conflito direto forçando uma escolha: seu povo ou sua religião.

A narrativa também se empenha em retroativamente tornar o Senhor Soberano uma figura mais interessante, informando diversas vezes que ele fazia o que fazia com as melhores das intenções: salvar a população. Dessa forma, Yomen surge quase como um segundo Senhor Soberano, embora dessa vez é desenvolvido corretamente de primeira. Aliás, é curioso perceber como aqui o antigo vilão assume uma função similar a de Kelsier em O Poço da Ascensão, estabelecendo-se como uma presença fantasmagórica que guia as ações de vários personagens e torna-se um modelo a ser seguido ou rejeitado.

Afinal, outro personagem que guarda semelhanças com o vilão de O Império Final é Elend, cuja postura diante de sua posição de poder está no polo oposto ao que ele mantinha no livro anterior. O imperador agora acredita que concessões democráticas, demonstrações brutas de força, coerção e manipulação são ferramentas úteis para um governante. Como Yomen e o Senhor Soberano, ele não vê empecilho em usar violência se imagina que esta trará paz. A diferença entre eles reside no fato de que Elend ainda defende um mundo socialmente mais igualitário, embora seus meios para atingir tal sonho não difiram dos empregados por seus inimigos. Não é à toa que o clímax de seu arco narrativo envolve a utilização de um exército de koloss para sitiar uma cidade: o personagem cogita cometer o mesmo ato abominável que o fez julgar e executar seu próprio amigo em O Poço da Ascensão. O personagem finalmente decidir não dar prosseguimento ao ataque, portanto, é o ponto chave que o faz voltar a ser o Elend anterior, um que entendia que violência é mais uma armadilha do que uma solução.

Dessa forma, há três tipos de governante apresentados em O Herói das Eras: aquele que enxerga estabilidade como bem supremo e encontra sua legitimidade na religião (Senhor Soberano e seu proxy, Yomen), aquele de sangue nobre que não hesita em coagir e matar se isso fará um mundo mais pacífico e menos injusto socialmente (Elend de O Herói das Eras) e aquele de sangue nobre que percebe que esse mundo pacífico e menos injusto nunca vai ser construído a partir de atos de guerra e injustiça (Elend de O Poço da Ascensão).

E quanto a um governante que veio das camadas populares? É aí que a narrativa começa a se sabotar, pois ela de fato contém um representante na figura do Cidadão – o misterioso personagem que controla a cidade de Urteau –, mas ao fim desconstrói tanto ele que torna sua posição social irrelevante.

A proposta dessa trama é oferecer um cenário previsto e evitado por Elend em O Império Final: uma revolução que começa e termina unicamente popular. O imperador prega que tal revolução nunca consegue se sustentar por muito tempo, pois o eventual governo montado, graças a seu ódio de classe indomável, inevitavelmente vem a sucumbir em meio à violência que ele próprio propaga. Dessa forma, Elend defende que uma aliança com a nobreza, ao significar uma quebra do ódio, é essencial para construir uma ponte para um mundo mais democrático. Quando Fantasma, Sazed e Brisa chegam em Urteau, parece que a visão de Elend é verdadeira, uma vez que o lugar encontra-se caótico, com o Cidadão fazendo execuções públicas regulares, governando na base do medo e agindo não muito diferente do Senhor Soberano em sua repressão a opositores.

A partir dessa premissa, porém, Sanderson não somente falha em acrescentar qualquer outro elemento à discussão, como ainda sabota ela inteira ao remover seu elemento mais fundamental. Em primeiro lugar, os capítulos em Urteau jamais avançam o cenário político: o Cidadão é tirânico no início, tirânico no meio e tirânico antes de ser deposto no clímax. Seu ponto de vista não é incluído e os eventos vão servindo unicamente para afirmar que Elend de fato sempre esteve certo, sem ter qualquer contraponto suscitado. Assim, se Elend defendia uma visão política multidimensional, a forma com que isso é retratado em Urteau é, contraditoriamente, unidimensional.

Todavia, o erro principal nessa parte é a reviravolta final de que o Cidadão na verdade estava agindo sob a influência de Ruína. Isso estraga toda a proposta, pois significa que o líder da revolução popular não estava agindo conforme seus próprios ideais. Urteau não é mais um laboratório para comprovar o ponto de vista de Elend porque os elementos necessários para tal não estão mais presentes: era uma criatura destrutiva e não a visão política do governante, junto com sua condição social, que estava gerando aqueles resultados horríveis. Ou seja, toda a discussão é subitamente jogada no lixo. Nem seria o caso de Ruína simbolizar metaforicamente a mentalidade de uma revolução popular – por mais questionável que isso fosse ser –, pois é sugerido que o Cidadão teria agido diferente caso não tivesse sendo influenciado por Ruína com o pedaço de metal em seu corpo, além do fato de um nobre (Penrod) sofrer do mesmo mal enquanto governa Luthadel.

Em termos de caracterização de personagem, a trama em Urteau também merece críticas. O protagonista dessa parte é Fantasma, que finalmente ganha os holofotes. E o que é revelado sobre ele? Nada que não já tinha sido sugerido de forma mais eficaz anteriormente. As duas principais características do personagem aqui são um complexo de inferioridade devido a sua posição secundária e quase insignificante no grupo de Kelsier e, posteriormente, no de Vin e Elend – ele ficava triste em ser sempre deixado de lado, quem poderia imaginar – e uma postura romântica, que já tinha sido brilhantemente revelada com a entrega de um lenço a Vin em O Império Final. Além disso, descobre-se que, tendo a oportunidade e os meios, ele também demonstra bravura e competência, mas isso poderia ter sido compreendido sem a necessidade de seu longo e frequente ponto de vista, exatamente como ocorreu com o lenço. Ou seja, o personagem ter realizado seu desejo de sair do pano de fundo ironicamente não adicionou muito a ele.

Para piorar, a influência da trama em Urteau no panorama geral da guerra contra Ruína reside em apenas uma mensagem de importância questionável. Essa mensagem é interceptada e lida por Marsh, levando-o a ter a ideia de arrancar o brinco de Vin, libertando-a da influência de Ruína. O problema é que a informação que ela continha – de que pessoas são influenciadas por Ruína quando perfuradas por metal de qualquer tamanho – poderia muito bem ter sido deduzida por Marsh sozinho, afinal ele era justamente um dos indivíduos que saía perfurando pessoas com metal para Ruína controlá-las: bastava que o tamanho das estacas e ferros fosse diferente uma das outras para ele ter a base para tal dedução. Marsh tinha quase nenhum controle sobre suas ações, mas continuava tendo a capacidade de pensar, então não havia empecilhos para que ele chegasse àquela informação sozinho. Sem contar que a explicação para ele ter conseguido arrancar o brinco é forçada: se, em um primeiro momento, Marsh não pode fazer algo insignificante como mover um dedo sem que Ruína, no outro lado do mundo e focado em outras coisas, volte imediatamente e tome o controle, no clímax ele já consegue segurar um objeto específico e puxá-lo mesmo com Ruína estando ali e sabendo que o ato seria prejudicial a ele. E isso tudo é possível porque, aparentemente, a criatura estava muito distraída com o prospecto de matar Vin enquanto controlava o corpo de Marsh.

Em suma, a narrativa contém uma trama enorme no livro que é tematicamente vazia, com personagens com desenvolvimento redundante e cujo resultado poderia ser substituído por um breve insight num contexto específico.

Sobre Vin, se o desenvolvimento dela não foi mencionado até agora é porque ela sequer tem um arco narrativo para chamar de seu em O Herói das Eras. Ela gosta de Elend e de seus amigos e quer matar quem representa um perigo a eles – e é isso. Contudo, dando continuidade ao trabalho de desfazer a força e o simbolismo em volta da personagem estabelecidos em O Império Final, Sanderson revela que o brinco usado por Vin era, na verdade, um objeto pelo qual Ruína consegue influenciá-la.

No início do primeiro livro, Vin considerava o brinco uma fraqueza, pois a deixava feminina, chamando a atenção para ela, que estaria demonstrando um sinal de fragilidade facilmente captado por “predadores masculinos”. Depois de encontrar Kelsier, entretanto, tornando-se mais segura de si mesma, ela passa a usar o brinco sem medo, sabendo ser forte e capaz de desafiar quem quer que seja: o feminino deixa, então, de ser uma debilidade e torna-se um símbolo de autoafirmação. Um desenvolvimento que teria permanecido excelente, caso o Herói das Eras não existisse, uma vez que a reviravolta aqui é justamente que o brinco era de fato uma fraqueza. Consequentemente, em um nível simbólico, isso significa que o feminino volta a ser considerado uma debilidade na narrativa. Para piorar, mais do que uma fraqueza, ele é especificamente um meio pelo qual ela é influenciada por Ruína, sendo que essa capacidade de corromper e a associação a uma divindade destrutiva sempre foram simbolismos cruéis associados ao feminino. Ou seja, O Herói das Eras endossá-los não somente é ruim de um ponto de vista estrutural, por contradizer o primeiro volume, como também social.

Partindo então para uma perspectiva puramente estrutural, também se nota que algumas revelações e reviravoltas não tem qualquer impacto na narrativa. Da mesma forma com que a descoberta que um nobre usava pagamentos para controlar os koloss não resultou em nada em O Poço da Ascensão, aqui a descoberta de que eles são gerados a partir de corpos humanos também não modifica nenhum evento específico. Eles serem criados a partir de hemalurgia é relevante, mas toda a revelação sobre o uso de humanos como base serve apenas para amarrar uma ponta solta, sem causar qualquer impacto além de enojar os personagens que descobrem. Outra revelação problemática é que Ruína é a voz do irmão de Vin em sua cabeça: tal informação termina um capítulo, causando choque, mas é posteriormente mitigada, pois o deus não poderia ter sido a voz pela maior parte do tempo, já que ela reagia a pensamentos e Ruína, por ter alguns limites impostos à sua onipresença, não tem acesso a eles. Ou seja, retroativamente aquele choque acaba revelando-se artificial.

Já a reviravolta de que o depósito de metal que Ruína desejava estava escondido na cidade dos kandras, ao mesmo tempo em que faz sentido dentro daquele universo, pois o modo de agir das criaturas e sua origem servem como pistas apropriadas, também aponta para uma inconsistência nas ações do vilão principal. Afinal, não tem por que raios Ruína ter ignorado, em seu plano de destruição mundial, toda uma raça de metamorfos criada por seu inimigo e que ele poderia controlar mentalmente, simplesmente por achá-la “fraca”, seja lá o que ele quis dizer com esse “fraca”. Além da possibilidade dos kandras poderem fazer parte do plano do Senhor Soberano para enfraquecê-lo ou derrotá-lo ser alta, uma vez que ele os criou, apenas por serem metamorfos eles já se configurariam uma ferramenta de valor inestimável, podendo ter até mesmo poupado Ruína do trabalho de perfurar cirurgicamente Penrod com uma estaca: bastava matá-lo e um kandra substituí-lo. Sim, as criaturas tinham uma medida de prevenção – suicídio – para quando ele fosse tentar controlá-los, mas ele não sabia disso e, ainda assim, quando ele no final decidiu se lembrar que os monstros existiam, alguns não se mataram. Sem contar que coisas morrerem é meio que o objetivo dele, então mesmo se Ruína soubesse do plano de suicídio coletivo não haveria motivo para ele não tentar.

A única revelação realmente interessante é a que o herói das eras não é Vin, mas Sazed, pois nesse livro, assim como no anterior, ele é um personagem muito mais fascinante que ela. Ainda traumatizado com a morte de sua amada na guerra por Luthadel, Sazed ultrapassa a fase de questionar a função reconfortante das religiões que pregava e chega a um ponto em que questiona a própria estrutura delas, analisando suas contradições e inconsistências. O personagem é até mesmo o responsável por fazer a pergunta do século: se as pessoas matam e oprimem em nome de religiões – elas pregando isso ou não – qual seria a real função social delas?

Mas o ponto de Sazed ser o herói das eras é isso que permite que seu arco narrativo seja finalizado de forma satisfatória: tornando-se um Deus, ele dá utilidade prática para todas aquelas religiões ao usá-las para reconstituir o mundo. Assim, Sazed entende que as religiões podem falhar em oferecer conforto e respostas ou até mesmo melhorar o ser humano, mas ainda servem como repositórios culturais e um espelho do que a humanidade é.

Durante o clímax, porém, alguns personagens são descartados de forma arbitrária e, em um caso específico – Marsh –, isso significa que o arco narrativo do indivíduo fica em aberto mesmo após o fim da trilogia. Uma omissão desnecessária, já que Sazed poderia ter reconstituído seu corpo com os poderes que ele adquiriu, finalizando o assunto rapidamente. Ou, se por alguma razão arbitrária Sazed não conseguisse tornar Marsh normal novamente, o personagem poderia ter levado a cabo o suicídio que estava cogitando. De qualquer forma, até um final ruim ou bizarro (Marsh decidindo virar um dançarino e fundar um circo, por exemplo) teria mais efeito que a ausência absoluta de resolução que ocorre aqui, com ele simplesmente não sendo mais mencionado. Yomen também poderia ter tido um fechamento maior, pois sua reação diante dos milagres feitos por Sazed ou levaria ao fortalecimento de sua fé no Senhor Soberano, atribuindo a ele os milagres – o que significaria com que o problema que ele representa permaneceria existindo – ou o faria entrar crise. De qualquer forma, que nem Marsh, ele deveria ter sido mencionado.

Já a trama do kandra TenSoon tem seus altos e baixos. Por um lado, ela desenvolve a raça dele, plantando pistas para a reviravolta sobre a localização do depósito de metal, e movimenta Sazed para onde ele deveria estar para virar o herói, tanto física quanto psicologicamente. Por outro, coloca TenSoon correndo de um lado para o outro, bem perdido, durante boa parte da narrativa e, em algumas situações, isso ainda ocorre de forma artificial: soldados em Luthadel, por exemplo, não saberem para onde seu exército foi – quando não há motivos para isso ser um segredo de estado – é forçar a barra.

Sobre o vilão, Ruína, ainda bem que há Yomen, pois ele é outro que se enquadra na categoria de seres unidimensionais – sendo descrito como uma força unicamente destrutiva – e idiotas – como prova ele ter ignorado os kandras e deixado Marsh arrancar o brinco de Vin enquanto controlava o corpo do sujeito. Outro problema do desenvolvimento de Ruína é que ele não somente é só mais um cara mau querendo destruir tudo – igual a vários do gênero, estilo Sauron – como é um cara mau querendo destruir tudo que tem várias linhas de diálogo. O que um sujeito assim pode dizer de interessante? Aparentemente nada, pois suas falas variam da arrogância para o escárnio e terminam numa maldade infantil: ele chega a rir maquiavelicamente de Vin quando mata Elend, por exemplo, e ainda diz “Eu o matei! Arruinei tudo que você ama”, provavelmente rindo internamente por ter feito um trocadilho com o próprio nome.

Por fim, é válido destacar que a narrativa continua repetitiva e condescendente. Os personagens, por exemplo, permanecessem com o hábito de repetir as mesmas reflexões várias vezes: Fantasma lamenta repetidamente ter abandonado seu tio, Marsh lamenta repetidamente não conseguir se suicidar, Elend lamenta repetidamente que a guerra o transformou em algo que despreza e assim por diante.

Enquanto isso, a história é frequentemente interrompida por explicações bem didáticas sobre como os elementos daquele universo funcionam – algo inadmissível no terceiro livro de uma trilogia que ainda contém um glossário no final – ou por lembranças risíveis de tão desnecessárias: perto do fim, por exemplo, é relembrado que Luthadel foi construída em cima do Poço da Ascensão e que eventualmente se tornou uma cidade bem importante. Quem diria.

Isso quando esses dois pontos negativos não se unem em um bolo de narrativa insuportável: a função do peltre, por exemplo, é lembrada três vezes, a primeira com Ham, a segunda por Vin e a terceira por Fantasma, que, não satisfeito, aproveita a oportunidade de relembrar a função de todos os metais que conhece nesse mesmo instante.

O Herói das Eras funciona como um amálgama de toda a sua trilogia: até propõe algumas discussões relevantes e apresenta alguns poucos personagens interessantes, mas também traz uma narrativa profundamente contraditória, repetitiva e enfadonha, repleta de figuras unidimensionais e mal desenvolvidas.

por Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo.

Primeiro de janeiro de 2018.


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Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo


5 Comments


  1.  
    Victor

    Que paciência a sua de aguentar até o final! haha Eu desisti logo no primeiro!

    Vc tem interesse em animes/mangás também? Se não, poderia dar uma chance para Fullmetal Alchemist.

    Parabéns pelo site. Visito sempre que chega coisa nova! 😀




    •  
      Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo

      Agradeço os elogios e a participação! Tenho interesse sim: Fullmetal, aliás, está até na minha lista, mas tenho que terminar Soul Eater e Steins Gate antes. Abraços!




  2.  
    Tatielma

    Inadimissivel mesmo essas descrições repetivivas do funcionamento dos metais. Eu me irritava particularmente quando aparecia: se fulano não estivesse queimando peltre, teria morrido empalado. Perdi a conta de quantas vezes li isso!!!

    Um monte de personagem que não serviu para nada, nao tiveram desenvolvimento nenhum… O autor devia ter matado logo todo o bando de kelsier!!! Allriane, pra quê hein?! Ela não serviu nem pra fazer amizade com Vin.

    Alias, falando em Vin, acho que foi uma das personagens mais misóginas que conheci. Toda personagem feminina que entrava na trama ela já fazia cara feia e implicava com elas… Até parece que os percalços pelos quais ela passou foram causados por outras mulheres…




  3.  
    Marcelo

    Você somente esqueceu de mencionar o buraco que foi deixado no final do enredo, um homem de cabelo vermelho caído ao lado de vin com o poder da destruição exalando dele, aí se levanta a questão: ruína também não tinha consciência? já que tinha no desenrolar da história preservação precisou de alguém que usa-se o seu poder.. Agora me fale quem diabos é aquela pessoa? E por que ruína precisou dela?




  4.  

    Tive sensações mistas com a saga Mistborn, pelo menos na Primeira Era né. Eu gosto bastante do sistema de magia, do plot, do visual, de certos personagens e etc, ao passo de que não dá suporto vários trechos da escrita e desenvolvimento de personagem do Brandon. É como se o cara tivesse uma Ferrari e não soubesse dirigir, tentando a todo momento cenários clichês num universo nada clichê.
    Outra coisa que me deixou um pouco desanimado foram as cenas de luta. Todo mundo fala super bem das cenas de ação de Mistborn, mas tirando a cena de Kelsier e o Inquisidor no primeiro livro (que pra mim foi a melhor luta do livro todo) e algumas cenas isoladas, senti que muitas descrições de movimentos são enfadonhos, sem viscerilade ou tato, ao passo que fiquei bem decepcionado nesse sentido.
    Porém, o pior de tudo creio que foi a falta de coesão temática. No primeiro livro temos a revolução skaa, no segundo vemos ela governada por nobres (e os skaa de oposição são retratados como malignos na trama) e no terceiro a unica revolução skaa que dá certo acaba se tornando um governo sanguinário. Não faz sentindo, parece que o autor quer fazer você acreditar que o skaa são burros ou inferiores, incapazes de manter um governo, acho que Kelsier está chorando agora.
    Porém, por incrível que pareça, achei um passa tempo legal essa trilogia. Não me arrependo de ter lido nem nada, principalmente quando parei de encarar com pretensão a obra





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