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Mistborn: O Império Final.

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Posted 11/04/2017 by in Fantasia

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Nota:
 
 
 
 
 

3/ 5

Sumário

Genero:
 
Autor:
 
Editora:
 
Idioma Original:
 
Título: Mistborn: O Império Final
 
Título Original: Mistborn - The Final Empire
 
Tradução: Marcia Blasques.
 
Edição: 2014
 
Páginas: Leya
 
Capa: Marc Simonetti
 
Resumo:

Mistborn: O Império Final traz um universo fascinante repleto de conflitos e simbolismos e apresenta alguns personagens cheios de potencial. Dessa forma, é uma pena atestar que a narrativa seja tão prejudicada pela repetição, que surge aqui em diversos níveis, dirimindo a força do romance.

by Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo
Full Article

Configurando-se o primeiro volume de uma trilogia, Mistborn: O Império Final é uma competente introdução ao maior universo de fantasia criado por Brandon Sanderson. No entanto, se aqui o autor é bem sucedido em criar personagens interessantes, mesmo que simples, e em trazer uma premissa diferenciada para o gênero – mesclando histórias de roubo com de revolução social –, tanto sua prosa repetitiva quanto sua estrutura narrativa inchada e redundante acabam por sabotar a obra.

Palco de uma inexorável chuva de cinzas, o cenário principal do romance é a cidade de Luthadel, o centro de um império de características feudais que tem em suas fundações a constante exploração da população mais pobre, chamada Skaa. O comando de ferro sobre o lugar é exercido por um homem que se auto intitula “Senhor Soberano” e que, aparentemente imortal, é considerado um temível deus por seus súditos, governando com ajuda de um ministério igualmente intimidador, cujos principais oficiais têm pregos no lugar dos olhos.

Após diversas tentativas fracassadas de rebelião, os skaa finalmente enxergam uma possibilidade de vitória quando contratam o mais famoso bando de ladrões do lugar, liderado pelo misterioso Kelsier, para assumir a tarefa de coordenar o conflito. A protagonista do livro é a mais jovem integrante desse grupo, Vin: uma menina que cresceu nas ruas sob constante opressão e, paranoica, está sempre esperando uma traição daqueles mais próximos a ela. Quando descobre que é uma nascida das brumas – tendo acesso a uma gama enorme de poderes mágicos que envolvem a manipulação de metais –, e é recrutada por Kelsier, Vin de repente se vê integrada em um grupo de pessoas diferentes que, por sua gentileza e amabilidade não justificadas, apenas a deixam mais alerta e distante.

Vin é uma menina do gueto, uma skaa que foi tratada implacavelmente durante toda sua vida ao ponto de aquele que melhor cuidou dela, seu irmão Reen, ser aquele que a traumatizou por traí-la. Os ditos do irmão acompanham a personagem por toda sua jornada, sempre reforçando a sua paranoia e desconfiança: ela foi ensinada por Reen que o mundo é cruel, que as pessoas são horríveis e que, portanto, nada de bom poderá vir delas sem uma armadilha por trás. Vin nunca pode abrir a guarda, caso contrário será ferida mesmo por aqueles em que mais confia. Afinal, todos não somente podem traí-la, como inexoravelmente vão fazer isso em algum momento. Sua visão de mundo torna-se tão cínica que chega ao ponto de enxergar a crueldade como uma emoção prática, responsável por garantir a sobrevivência naquela sociedade. A melhor descrição de seu comportamento, marcado por um estado de vigia permanente, consta no sétimo capitulo, com o seguinte trecho: “Vin não se sentava, se acocorava. Não caminhava, rondava. Mesmo quando ela estava sentada em campo aberto, parecia tentar se esconder”.

No entanto, trechos assim são raros. Como é típico de Sanderson, as características da personagem são marteladas de forma constante e direta, o que significa que frequentemente Vin pensará nisso tudo ou se lembrará dos ensinamentos do irmão, quando não as duas coisas em sequência, tudo sempre em frases simples e objetivas. No segundo capítulo, por exemplo, sua reflexão não poderia ser mais óbvia (“Todo mundo trai todo mundo. Assim é a vida…”), mas ainda assim, provando o martelamento, algumas linhas depois, surge a lembrança de um dito do irmão para reforçar a ideia: “Todo mundo vai trair você. Todo mundo”.

Como personagem feminina, Vin é construída de forma simples, mas eficiente. Logo no início, por exemplo, ela rejeita traços que revelam seu gênero: dentro de seu cinismo disfarçado de praticidade, ela enxerga no feminino uma fragilidade, uma qualidade de presa, que seria vista por aqueles ao seu redor e chamaria atenção para si. Para se manter viva, então, ela acredita precisar rejeitar sua feminilidade, simbolizada pelos brincos que ganhou da mãe e que não usa por segurança. Após conhecer o grupo de Kelsier, contudo, durante seu processo de transformação, ela passa a usar os objetos, quase como uma afirmação da própria identidade: ela entende que pode ser feminina e forte ao mesmo tempo. Ainda importante é observar que Vim surge como uma personagem independente, que não aceita ordens passivamente: sua posição quando submissa é apenas para enganar seu opressor.

O segundo personagem mais importante do romance é aquele que assume o papel de mentor de Vin: o ladrão Kelsier. Tendo no passado sofrido nas mãos do Senhor Soberano, ele jura vingança contra toda a nobreza – que enxerga como invariavelmente maligna – e arma um plano mestre para conseguir derrubar o Império Final.

Seu bando imediatamente choca a protagonista devido a sua interação positiva: há confiança, gestos de carinho e preocupação real sobre o bem estar de cada um dos integrantes. Essa amizade é construída por Kelsier justamente para contrastar com a realidade. Um de seus traços mais marcantes é seu sorriso frequente, que é ambivalente por natureza: o gesto não indica só contentamento, mas também revolta e indignação. É um sorriso que, ao mesmo tempo em que traz em si uma carga profunda de tristeza diante da situação do mundo, também procura entregar um pouco de alegria a esse mundo. O sorriso de Kelsier, assim como a interação positiva de seu bando, é um ato de resistência. Como o próprio diz: “O Senhor Soberano acha que reivindicou o riso e a alegria apenas para si. Estou pouco disposto a deixar que seja assim”.

Seu arco narrativo principal, todavia, envolve sua arrogância, que pode ser sentida até mesmo na natureza de sua revolução: só alguém muito cheio de si para acreditar que pode desafiar um deus, como o Senhor Soberano é visto, e vencer. Kelsier vai aos poucos construindo uma imagem heroica para si mesmo, sob a justificativa de levantar a moral de seu exército, mas não demora para seus companheiros notarem que ele não consegue distinguir essa imagem de si próprio, levando-o a ações imprudentes. Até mesmo pela bagagem narrativa clássica associada à húbris, a arrogância de Kelsier vai conferindo a ele um ar trágico, o que reforça o impacto de seu arco narrativo.

Com relação ao antagonista, o Senhor Soberano é um personagem que surge despersonificado inicialmente. Como o descrevem, ele “era uma força como os ventos ou as brumas. Não se podia matar essas coisas. Elas sequer estavam realmente vivas. Elas simplesmente eram”. Sendo retratado como um rei absolutista, quase como um Luís XIV com poderes mágicos, o Senhor Soberano guarda na sua autoridade um caráter divino e incontestável. Posicionar-se contra ele é como posicionar-se contra Deus: além de um sacrilégio, é um passo certo para a derrota.

Seu governo autoritário e distópico revela-se, então, teocrático. A natureza intrinsecamente política das religiões, devido a sua normatividade, não escapa Sanderson. Um dos personagens até levanta o questionamento: “Mas o Senhor Soberano – enquanto Deus – define o que é bom. Então, ao nos opormos a ele, estamos, na verdade, sendo maus”. Não é à toa que um dos deveres do ministério do Senhor Soberano é a eliminação de todas as religiões do Império: pode apenas haver uma religião, a sua, o que lhe entrega poder imensurável por ser o porta-voz de seus preceitos e normas. Em um ataque específico à Igreja Católica, o autor ainda nomeia as figuras mais aterradoras de seu universo, os responsáveis por essa limpeza religiosa, como Inquisidores.

Ainda dialogando com o catolicismo, o romance faz uma desconstrução interessante em seu clímax, criando um paralelo inusitado entre um personagem específico e Jesus: aquele que se sacrifica para tentar salvar seu povo em O Império Final não o faz em nome de Deus e de sua benevolência, mas como desafio direto à autoridade divina. Além disso, o personagem – que naquela forma é criação do Senhor Soberano – também subverte seu simbolismo ao ser um indivíduo falho, o que o desmistifica aos olhos do leitor.

A opressão contra os skaa é descrita como cruel, mas, como é de hábito com Sanderson, isso também é mostrado de forma repetitiva, com todas as cenas relacionadas seguindo a mesma linha: volta e meia vai surgir um momento de crueldade desproporcional, como a menção, logo no início, de que um homem skaa foi espancado por seu amo por ter “piscado de maneira imprópria”, ou o relato de uma alguém especialmente indefeso sendo decapitado, degolado ou destroçado de qualquer outro modo até a morte.

O desenvolvimento da aristocracia surge, então, problemático. Sanderson tenta evitar pintá-los como unidimensionais na sua crueldade e alienação, mas falha por depositar todo o sentimento contrário à violência perpetrada em um único personagem. Dessa forma, esse personagem torna-se não um representante da complexidade da nobreza, mas uma exceção a sua vilania unidimensional. O maniqueísmo de Kelsier, então, ganha contornos reais com essa estrutura: embora surja vários personagens skaa cruéis, nobre bondoso há apenas um – ou três, se considerarmos seus dois discípulos, mas esses nunca fazem nada para confirmar ou não isso. Quanto à unidimensionalidade do Senhor Soberano, ela até chega a ser posta em questionamento a partir da metade, sugerindo a presença de um sujeito complexo, mas esse desenvolvimento é jogado no lixo com uma reviravolta que o coloca de volta no posto de vilão unidimensionalmente maligno.

A nobreza é, em grande parte, desenvolvida a partir de contrastes: seus membros surgem belos e civilizados, mas capazes de ações cruéis e pensamentos egoístas. Em seu mundo há a riqueza e a opulência dos bailes, mas, do lado fora de suas fortalezas, as rodeando, há toda a miséria skaa. Quando Vin visita um castelo – que mais parece uma catedral católica com seus vitrais religiosos – ela fica deslumbrada com o que vê. Contudo, ao sair, imediatamente presencia um menino sendo degolado na frente de todos, que se mantêm impassíveis. A relação que Vin mantém com a aristocracia ganha destaque na narrativa: enquanto ela, em uma curiosa desilusão, tenta arrumar desculpas para as ações deles – como agirem assim por estarem ignorantes com relação ao real estado dos skaa – Kelsier tenta fazê-la entender que há apenas mau-caratismo na situação inteira.

Sobre os nobres, Sanderson ainda inclui uma crítica social ao discutir sua crença de que os skaa são naturalmente inferiores – intelectual e biologicamente –, fazendo referência ao pensamento determinista do século XIX que era direcionado a pessoas de pele negra e que, infelizmente, ainda perdura em algumas camadas da nossa sociedade.

A narrativa de O Império Final é carregada de simbolismo relacionado à opressão social. A própria cidade de Luthadel, por exemplo, é enegrecida devido à chuva de cinzas, representando a injustiça de seu funcionamento: da mesma forma que as cinzas que mancham sua paisagem não param de cair do céu, as estruturas de poder que rebaixam a maior parte da população para condições sub-humanas é reforçada por um poder considerado divino e inabalável. Apenas os skaa vivem com a fuligem, seja em suas casas, em suas ruas ou no próprio corpo. Os nobres estão livres disso ao explorar os próprios skaa em um trabalho intermitente de limpeza.

A forma com que o Senhor Soberano mantém a população sem se rebelar todos os dias também é curiosa por encontrar uma resposta em seu sistema de magia. Com tanta opressão, com tanta injustiça e impunidade, o que leva as pessoas a permanecerem imersas em seus próprios afazeres em vez de ir para as ruas lutar por mudança? Sanderson aposta em um paralelo com a capacidade da mídia de manipular emoções, inserindo a crítica dentro da lógica das características próprias de seu universo.

O Império Final, por sinal, conta com um sistema de magia particular, com direito a terminologia própria, que a narrativa se esforça para tornar absolutamente clara, apelando para muitas daquelas cenas clássicas de treinamento, em que o leitor aprende junto com o protagonista como tudo funciona. Aqui a magia é constituída pela habilidade de manipulação de metais que, quando consumidos por um indivíduo com a predisposição mágica – os chamados alomânticos – entrega a ele alguma característica excepcional, como maior resistência ou a possibilidade de manipular a emoção alheia. Normalmente, uma pessoa consegue “queimar” apenas um metal, mas um nascido das brumas tem acesso a todos.

Um problema simbólico desse sistema de magia é ele ser hereditário e atrelado a uma linhagem nobre. A primeira consequência disso é que, como a revolução em O Império Final só tem alguma chance prática de vencer devido ao uso dessa magia, isso aponta que a população pobre, por si só, é absolutamente incapaz de se rebelar e vencer por si mesma, precisando do apoio de parte daqueles que a oprime. É uma visão cínica que, no entanto, alguns personagens do livro, como um determinado nobre, de fato assumem em diversos momentos. Agora, uma consequência gravíssima e indesculpável é a distinção resultante entre nobres e skaa. Como já apontado, o romance faz menção a uma lógica determinista, com nobres acreditando que skaa são inferiores a eles. Embora a narrativa vá tentar mostrar que não, que são todos iguais, o sistema de magia praticamente joga tudo isso por água a baixo: afinal, só quem tem sangue nobre de fato pode vir a ser um alomântico e, portanto, mais poderoso que um skaa puro. A magia, portanto, dá razão ao determinismo dos nobres, estabelecendo uma diferenciação de poder biológica entre eles: algo não somente reprovável de um ponto de vista social em seu simbolismo, mas também narrativo por entrar em contradição direta com o aprendizado de alguns personagens. Caso livros posteriores desconstruam essa necessidade de uma linhagem nobre, isso não muda o fato de que isso deveria ter sido feito aqui, onde a questão já é pertinente.

Já um problema da alomancia que resvala na prosa é a insistência de Sanderson em usar a sua limitada terminologia própria quando poderia lançar mão de sinônimos para tornar a leitura mais fluida. O ponto central dos combates envolve a habilidade que os personagens têm de “puxar” e “empurrar” metais, normalmente moedas, usando-as como ataque direto ou como impulso. Principalmente no início, em especial na irritante descrição de uma batalha no quinto capítulo, e provavelmente para fazer o leitor entender ou se acostumar com a terminologia, o autor quase não usa verbos gerais para descrever às ações dos combatentes, como “impulsionar”, “lançar” ou “jogar”, ou até mesmo expressões como “repetiu o movimento”, limitando-se, em vez disso, a repetir “puxar” e “empurrar” à exaustão. Isso torna a prosa intragável e é algo, no fim, desnecessário: os termos mais “precisos” poderiam ter se resumido a ações chave, ou as que poderiam ser interpretadas de forma ambígua, e os leitores continuariam muito bem a entender se as outras ações foram a de “puxar” ou “empurrar” os metais sem qualquer dificuldade.

Assim, a prosa de Sanderson não peca por ser pouco sofisticada, mas por ser ainda assim repetitiva e deselegante em diversos níveis. Há uma repetição cansativa na terminologia própria, mas também forma de advérbios, como exemplifica um “Aparentemente” no décimo capítulo, que surge em parágrafos seguidos, e na de arcos narrativos e de informações, que são marteladas para o leitor. Há, portanto, uma diferença entre ser direto e ser condescendente, e a profusão de explicações e apontamentos na narrativa em O Império Final, além de enfadonha, tende para o segundo grupo.

Em se tratando de repetição, O Império Final também deixa claro o uso de uma fórmula por Sanderson. Da mesma forma que ocorre em Elantris, por exemplo, aqui há uma reunião entre homens e apenas uma mulher que não chega a lugar algum até finalmente a mulher intervir, mostrando o quão fundamental ela é para o grupo. Se a repetição da cena entre livros não é grave, ela ocorrer dentro da mesma obra já se torna mais complicado defender: aqui essa exata cena de reunião não ocorre uma, mas duas vezes.

Já em termos de estrutura, é possível argumentar que o livro teria sido mais enxuto e eficiente se seguisse unicamente o ponto de vista de Vin, em vez de também oferecer o de Kelsier, o de um nobre e, em alguns casos aleatórios pontuais, de personagens menores. A ausência do ponto de vista de Kelsier, com exceção de sua participação no prólogo, por exemplo, teria feito maravilhas com a narrativa: não haveria uma sonegação artificial de seus pensamentos para evitar reviravoltas e isso ainda tornaria o personagem mais intangível e misterioso, o que contribuiria para a construção de sua aura, evitando ainda algumas redundâncias de reflexões e repetição de informações com ele e Vin descobrindo as mesmas coisas. Servindo como um microcosmo do problema há o momento, logo no início, em que Kelsier visita o covil de ladrões de Vin. O capítulo está seguindo o ponto de vista dela, que vê Kelsier como uma figura potencialmente perigosa e misteriosa. No entanto, como o leitor já estava acompanhando o personagem, as intenções dele na cena, principalmente se são amistosas ou não, já são conhecidas, o que distancia o leitor justamente do ponto de vista que está seguindo. Ou seja, seguir Kelsier elimina o suspense da cena e aproxima o leitor de um personagem secundário em detrimento à protagonista da história. Seria possível contra-argumentar que o ponto de vista do personagem é fundamental para a história porque o próprio personagem é fundamental para a história, mas essa é uma necessidade inexistente em narrativas: caso contrário nunca haveria a figura de um narrador testemunha como Watson em Sherlock Holmes ou Nick Carraway em O Grande Gastby. Além disso, são as ações de Kelsier que mais revelam sua personalidade e elas são suficientemente presenciadas e compreendidas por Vin.

Por fim, há a questão de alguns eventos no clímax, especialmente no capítulo trinta e sete, apelarem para coincidências que praticamente assumem o papel de deus ex machina (spoilers até o final do parágrafo): o grupo de Elend deparar-se com de Vin, por si só é perdoável, pois tem valor dramático, mas isso acontecer na mesma sala que as vestimentas da protagonista estão sendo displicentemente guardadas é forçar a barra um pouco demais.

Mistborn: O Império Final traz um universo fascinante repleto de conflitos e simbolismos e apresenta alguns personagens cheios de potencial. Dessa forma, é uma pena atestar que a narrativa seja tão prejudicada pela repetição, que surge aqui em diversos níveis, dirimindo a força do romance.

por Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo.

04 de novembro de 2017.


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Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo


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