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Resident Evil: Revelations.

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Posted 10/19/2018 by in 3DS
Resident Evil Revelations Cover Art

Rating

Nota:
 
 
 
 
 

3/ 5

Plataforma: , , , , , , ,
 
Título: Resident Evil Revelations
 
Desenvolvedor: Capcom.
 
Duração Média: 15 horas.
 
Lançamento: 26/01/2012
 
Diretor: Koushi Nakanishi
 
Compositor: Kota Suzuki, Ichiro Kohmoto, Takeshi Miura.
 
Roteirista: Dai Sato.
 
Resumo:

Resident Evil: Revelations é um jogo de altos e baixos, construindo uma atmosfera impactante em um dos melhores cenários da franquia desde Resident Evil 4, embora a quebre frequentemente com piadas e momentos de ação banais. O caminho para a volta da série aos seus tempos de glória pode ser visto aqui, embora ainda não tenha sido completamente trilhado.

by Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo
Full Article

Resident Evil: Revelations é um título claramente dividido em duas partes: uma, eficiente, tenta construir uma atmosfera de terror em um ambiente claustrofóbico; a segunda, medíocre, tenta apelar para sequências de ação empolgantes, colocando infindáveis inimigos similares para serem derrotados.

A trama começa com os agentes de combate ao bioterrorismo, Jill Valentine e Parker Luciani, indo investigar um navio à deriva em alto mar, The Queen Zenobia, após carcaças portando um vírus devastador surgirem em uma praia próxima. Lá, eles descobrem a volta de um grupo terrorista chamado Veltro, que deseja espalhar esse vírus e causar terríveis mutações em seres vivos.

O cenário é o ponto alto de Resident Evil: Revelations. The Queen Zenobia funciona como uma mansão mal-assombrada, com corredores estreitos e aposentos minúsculos, nem sempre centrados pelo movimento do mar, aumentando o desconforto. Nesse sentido, a versão de 3DS e o modo portátil no Switch funcionam melhor, diminuindo a extensão do ambiente em suas pequenas telas, aumentando a sensação de confinamento.

O início do jogo aposta acertadamente em construir uma atmosfera de horror. Ruídos em tubulações e vultos atrás de estantes, que não permitem identificar suas formas, estimulam a imaginação do jogador, aterrorizando por sugestão. Quando o primeiro monstro surge, a tensão é construída aos poucos, com Jill e Parker sentindo e ouvindo sua presença pelos destroços que ele deixa, até a cena finalmente concluir com a câmera seguindo o ponto de vista da criatura, enquanto ela se aproxima de suas presas.

Ao atirar nela, entretanto, o terror desaparece. As criaturas em Resident Evil: Revelations parecem ser feitas de esponja, não reagindo aos disparos, que, por sua vez, parecem de festim. O terror de elas continuarem caminhando na direção de Jill mesmo sob fogo seria potencializado caso os disparos parecessem estar surtindo algum efeito. No entanto, a maioria toma diversos tiros até surpreendentemente morrer, pois não há qualquer sinalização de sua energia. Como todas as criaturas reagem assim, não é o caso de ser uma característica especial de um inimigo, mas um problema generalizado. Não é à toa que o modo de jogo extra, Raid Mode funciona: ele adiciona elementos de RPG como barra de vida aos monstros e informa com números o dano causado, adicionando um feedback imprescindível para os combates funcionarem.

Infelizmente, metade de Resident Evil: Revelations é composta por arenas e corredores de tiro e não por cuidadosas confecções de cenas de terror. Quando elas ocorrem, aliás, o título parece fazer questão de diminuir seu impacto. Em determinado momento, por exemplo, após o susto de descobrir que uma personagem foi infectada, quando ela se joga contra uma parede de vidro berrando “Found you!”, Jill alerta Parker do ocorrido, que então faz uma piada autorreferente sobre o caso: Jill avisa que a personagem virou um zumbi e ele responde “Isn’t that always the case?”, quebrando a tensão da cena junto com a quarta parede. A sequência a seguir redime a falha, entretanto, com uma constante fuga da personagem zumbi, que não para de lamentar suas dores e seu destino.

A história do jogo também é instável. Ela começa construindo bem o suspense, trabalhando com a volta de um grupo terrorista que almeja destruir parte da humanidade por ela ter se tornado muito gananciosa. Explicando o uso de navios de luxo para o transporte do vírus, um das notas encontradas no cenário também revela a ideologia do grupo: “These luxury liners are symbols of the degradation of humanity, and will be fitting vessels for the distribution of virus that will purge humanity”. No entanto, um grupo de reviravoltas problemáticas faz certos eventos pararem de fazer sentido, como a teatralidade de Veltro contra a Jill, que realiza uma tortura psicológica de natureza pessoal que no fim parece ter sido absolutamente desnecessária. Além disso, essas mesmas reviravoltas não percebem a ironia que produzem: um personagem usa as mesmas táticas que condena para tentar derrotar o vilão e é saudado por isso, em vez de preso.

A estrutura do jogo é dividida em episódios curtos, que duram em torno de meia hora, e que alternam entre os personagens jogáveis. Jill é a protagonista, apesar de não ter qualquer semblante de arco narrativo. Suas partes, entretanto, são sempre as melhores: as mais complexas, maiores e com mais objetivos e obstáculos diferentes, além de atmosféricas. Atmosfera esta que é quebrada com a introdução de personagens que estão fora do navio, como uma dupla que é marcada por tentativas de comédia pastelão: um personagem alerta “We should stay quiet” enquanto o outro bate e derruba vários objetos no mesmo momento.

Por fim, vale ressaltar a introdução de uma mecânica de escanear o ambiente à procura de itens ou inimigos para ganhar um de recuperação de vida, o que leva uma dinâmica de risco e recompensa: vale mais a pena tentar capturar suas informações enquanto ele está vivo e se aproximando para ganhar o item mais rápido ou demorar bem mais e escanear apenas seu cadáver?

Resident Evil: Revelations é um jogo de altos e baixos, construindo uma atmosfera impactante em um dos melhores cenários da franquia desde Resident Evil 4, embora a quebre frequentemente com piadas e momentos de ação banais. O caminho para a volta da série aos seus tempos de glória pode ser visto aqui, embora ainda não tenha sido completamente trilhado.

por Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo.

19 de outubro de 2018.

 


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Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo


One Comment


  1.  
    Helinux

    Um belo jogo!!!! valeu





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