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Xenoblade Chronicles X.

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Posted 03/03/2017 by in WiiU

Rating

Nota:
 
 
 
 
 

4/ 5

Plataforma:
 
Título: Xenoblade Chronicles X.
 
Desenvolvedor: Monolith Soft / Nintendo SPD.
 
Duração Média: 100 horas.
 
Lançamento: 04/12/2015.
 
Diretor: Genki Yokota e Koh Kojima.
 
Compositor: Hiroyuki Sawano.
 
Roteirista: Kazuho Hyodo, Mamoru Ohta, Tetsuya Takahashi e Yuichiro Takeda,
 
Resumo:

Xenoblade Chronicles X, graças a seu tema sobre inclusão e aceitação, é um jogo relevante no cenário político atual. Sua história, mesmo que mais simples que a de seu antecessor, contém sua parcela de personagens trágicos e momentos impactantes, enquanto sua jogabilidade, mesmo pecando pelo excesso de complexidade, é dinâmica o suficiente para segurar as mais de cem horas de conteúdo disponível. Trata-se, enfim, de um RPG de peso que mantém a qualidade alta de sua franquia.

by Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo
Full Article

Em tempos de aumento da intolerância, um jogo de videogame como Xenoblade Chronicles X, que promove a colaboração e a união entre os mais diversos povos, torna-se especialmente importante. Expandindo a jogabilidade de seu antecessor, com qual guarda quase nenhuma conexão narrativa, Xenoblade Chronicles X aproveita ao máximo seu cenário de ficção científica, aumentando as possibilidades de exploração de seu universo fantástico. Seus problemas, contudo, apesar de poucos, são evidentes:  enquanto a narrativa peca pela repetição de piadas e eventualmente se esquece da própria premissa, o sistema de combate e progressão de personagem surge desnecessariamente obtuso e complexo.

O cenário do jogo é o planeta Mira, onde a humanidade se refugia por acidente quando a Terra é destruída no fogo cruzado entre duas raças alienígenas. O personagem que o jogador controla – que serve como um avatar, não detendo personalidade própria – acorda dias após sua nave ter se despedaçado durante a queda em Mira e os sobreviventes terem estabelecido uma pequena cidade que chamam de Nova Los Angeles. Unindo-se ao esquadrão da coronel Elma, o personagem precisa assegurar que sua espécie conseguirá sobreviver ali, apesar da hostilidade da fauna local. O objetivo maior é recuperar uma parte específica da nave, responsável por manter a vida na cidade, antes que sua energia acabe.

As missões principais rapidamente introduzem a raça alienígena que toma o papel de antagonista, os Ganglion – um dos responsáveis pela destruição da Terra, que perseguiram a humanidade até Mira por motivos misteriosos. A narrativa, então, ganha urgência: fica estabelecida uma corrida até a parte da nave procurada, com o perigo dos Ganglion a encontrarem antes e destruí-la.

No entanto, a história do jogo é bem menos intensa e complexa que a de seu predecessor para Nintendo Wii. Enquanto aquele tinha uma estrutura baseada em reviravoltas e uma contínua mudança de perspectiva sobre os acontecimentos e a natureza da missão do protagonista, Xenoblade Chronicles X traz o mesmo objetivo do início ao fim, guardando as explicações para o final.

O tema central do jogo é sobrevivência e a ideia de como esta é avessa ao conceito de intolerância. Durante os doze capítulos que formam a história, a humanidade encontra diversas outras raças alienígenas buscando asilo, cuja integração na cidade de Nova Los Angeles resulta em um enriquecimento cultural e tecnológico que auxilia todos a enfrentar os Ganglion.

Enquanto as missões principais são focadas na recuperação da nave, as centenas de missões secundárias são as responsáveis por desenvolver essa mistura de povos. Uma delas, por exemplo, traz um soldado chamado Alex, que se autodenomina um “cidadão de bem”. Inicialmente, ele demonstra insatisfação com os alienígenas, visto que eles apresentam dificuldades em se adaptar a sua cultura: alega que eles sujam as ruas, não sabem se comportar e arrumam confusão. Logo, porém, outros contornos da intolerância de Alex são descobertos: ele acredita que eles roubam os empregos dos humanos e representam perigo em potencial para a sociedade, pois não é sensato confiar em alguém tão diferente. Desse modo, não é de se surpreender quando o soldado pega em armas para resolver as coisas com as próprias mãos. Um dos pontos altos das missões envolvendo o personagem é o momento em que Alex alega ser sensato e permite que o jogador o convença com argumentos: uma vez que o ódio é impermeável à lógica, as respostas do jogador simplesmente não importam.

Os personagens controláveis opcionais – o jogo tem mais de dez – são explorados de forma similar nas missões chamadas de afinidade. Embora alguns permaneçam um pouco unidimensionais – não há muito em Yelv além da busca por seu amigo –, outros são corretamente desenvolvidos: enquanto a primeira missão de Hope explora os perigos de seu altruísmo – enxergado como ingenuidade pela vilã –, a segunda inverte a perspectiva, revelando a pressão que o comportamento da personagem exerce sobre ela mesma, além de revelar os medos sociais que o originaram. Os outros até possuem arcos mais simples, mas também são bem delineados: H.B tem sua arrogância desmontada em suas missões, por exemplo, enquanto o monge Bozé tem sua xenofobia combatida.

O restante das missões secundárias tem seus altos e baixos. Algumas trazem cenários variados, criativos ou socialmente discutíveis, como a em que o jogador auxilia um alienígena a construir sua própria Delorian para viajar no futuro ou a em que uma fanática religiosa tenta enganar uma raça alienígena a entrar para sua fé. Outras, porém, não escondem seu intuito de encher linguiça: uma, denominada Going Viral, requer que o jogador vá para determinada parte de um continente matar um inseto específico, voltar e falar com um cientista, que o mandará voltar e matar mais dois. Quando o jogador cumprir esse objetivo, o cientista mandará voltar e matar mais quatro. Depois, mais seis.

A história principal também traz sua parcela de problemas. O alívio cômico na figura do alienígena Tatsu repete-se ad aeternum, irritando o jogador com a mesma piada dezenas de vezes: Tatsu parece uma batata, levando uma personagem a brincar que vai comer ele toda hora, sempre recebendo uma resposta indignada como “How many times must Tatsu explain! He is here to serve, not be served!”. Toda santa hora. Até o final.

Já uma reviravolta acerca das motivações dos Ganglion contraria a premissa inicialmente estabelecida de que a Terra foi um dano colateral e ninguém parece notar que houve uma reviravolta. Quanto à posição de protagonista da história, há também uma confusão acerca de se ela deve ser ocupada pelo personagem que o jogador controla ou pela coronel Elma, que tem muito mais dizer nos eventos principais. Como a reviravolta final da personagem ainda se relaciona com o tema da intolerância que permeia o jogo, seu arco narrativo a torna um candidato melhor que o avatar do jogador.

Um último ponto sobre a história do jogo concerne o ótimo trabalho de localização que entrega personalidade distinta a cada raça de alienígenas, graças a tiques específicos presentes em sua linguagem: enquanto os Nopon se destacam por sempre se referirem a si próprios na terceira pessoa, os Ma-non abusam de expressões para confirmar a intenção de seu interlocutor (as chamadas “Tag Questions”).

No constante à jogabilidade, Xenoblade Chronicles X expande e complica as ideias de seu antecessor, embora exagere na dose. O sistema de combate permanece o mesmo, com o jogador escolhendo habilidades que causam dano diferenciado com base na sua posição em relação ao oponente, estimulando uma movimentação constante, além de levar em consideração efeitos especiais que cada golpe causa. Os outros três membros do time são controlados pelo jogo e cabe ao jogador reagir às ações de seus companheiros para produzir combos no inimigo. Aqui foram adicionadas armas à longa distancia que, em vez de causarem um dano único, enchem a tela com números correspondentes a cada disparo.

A partir da metade do jogo, entretanto, o jogador adquire robôs gigantes chamados Skells e a habilidade de voar neles. Esses robôs dão um sopro de ar fresco na dinâmica do jogo, auxiliando a movimentação (como Transformers, eles viram automóveis e percorrem muito mais espaço que os personagens a pé) e modificando alguns detalhes do combate: Enquanto as habilidades dos personagens estão inicialmente atreladas a suas classes, as dos Skells correspondem a seus equipamentos. Cada Skell pode ser equipado com armas principais, secundárias, de ombro, reserva e por aí vai, que não somente tem seus próprios atributos como tornam cada robô diferente em seu funcionamento graças às habilidades específicas. Como as partes dos robôs – assim como a dos inimigos – podem ser danificadas em combate, algumas habilidades podem acabar sendo bloqueadas, o que torna as lutas mais dinâmicas.

Quanto à exploração dos imensos continentes que formam o planeta Mira, os Skells permitem um level design mais vertical, contendo inúmeras montanhas, picos e edifícios gigantescos. Como no primeiro Xenoblade, aqui os inimigos de cada região não tem seu nível atrelado ao possível progresso do jogador, gerando momentos de pânico: enquanto estiver atacando um coelho nível 5, um dragão nível 50 pode estar sobrevoando o mesmo local e cabe ao jogador torcer que seu time não use nenhum golpe de área para alertar o monstro.

O jogo ainda utiliza o Gamepad para mostrar os mapas de cada região, que são divididos em quadrantes. Cada um desses quadrantes serve para mostrar o que sua área tem de especial (seja tesouros, monstros especiais ou missões secundárias), e ainda pode servir como ponto de viagem rápida se estiver disponível (basta tocar em um símbolo) ou para verificar que tipo de renda e quanto dela a região está gerando – o que depende da sonda instalada.

Xenoblade Chronicles X, aliás, é absolutamente recheado de pequenos sistemas e mecânicas para o jogador levar em consideração. Essas sondas vem em diversos tipos e ainda aumentam de eficácia quando instaladas em corrente no mapa; durantes os combates uma habilidade chamada Overdrive pode ser ativada, o que torna as outras mais eficazes com base em muitos parâmetros obtusos; os Skell possuem combustível gasto continuamente durante o voo e no combates, que é recuperado por Miranium ou estacionando o robô e assim por diante.

O jogo peca tanto pelo excesso de mecânicas (o Overdrive dos Skells tem minúcias demais) quanto pela obscuridade de várias (boa sorte para o jogador que tentar descobrir dentro do jogo o que o atributo de personagem chamado Potencial significa). Além disso, ele não tenta facilitar a vida do jogador quanto à coleta de itens necessários para completar certas missões: como não há uma indicação da área do continente em que eles podem estar, o jogador azarento pode perder uma hora correndo por aí coletando tudo que vê na frente até acertar (todos os itens no cenário são representados pelo mesmo cristal brilhante).

Por fim, em relação aos aspectos gráficos, considerando as especificações técnicas do Wii U, o jogo certamente impressiona pela imensidão de seu mapa, que é maior que o de Skyrim e sem telas de carregamento entre cavernas, cidades e continentes. No entanto, assim como seu antecessor, ele sofre com personagens e elementos do cenário demorando muito a aparecer. Já a trilha sonora foge do padrão do primeiro Xenoblade, preferindo músicas pop e rock em vez de melodias atmosféricas. Trata-se de uma mudança corajosa, mas com seus altos e baixos: enquanto o rock empolga durante as batalhas, o excesso de vocais em algumas trilhas eclipsa o som dos diálogos dos personagens.

Xenoblade Chronicles X, graças a seu tema sobre inclusão e aceitação, é um jogo relevante no cenário político atual. Sua história, mesmo que mais simples que a de seu antecessor, contém sua parcela de personagens trágicos e momentos impactantes, enquanto sua jogabilidade, mesmo pecando pelo excesso de complexidade, é dinâmica o suficiente para segurar as mais de cem horas de conteúdo disponível. Trata-se, enfim, de um RPG de peso que mantém a qualidade alta de sua franquia.

por Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo.

03 de março de 2017.

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Rodrigo Lopes C. O. de Azevedo


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